Muito se tem ouvido sobre a iminência de uma terceira onda da covid-19 no Brasil. A teoria ganhou força, principalmente, com a chegada de uma nova variante indiana. No entanto, a nova onda parece não depender disso. Segundo Margareth Dalcomo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, outros fatores, como a falta de distanciamento social e a flexibilização das medidas restritivas, podem e devem contribuir muito mais para o cenário: “Houve aberturas, precoces e oportunas ou não, enorme mobilidade social ocorrendo com transporte coletivo lotado e uma transmissão muito alta da variante P.1, que predomina no Brasil, além do risco real da entrada da variante indiana. Sabemos que a terceira onda não depende da entrada de uma nova variante, podemos tê-la propiciada pela taxa de transmissão comunitária muito alta e a taxa de ocupação de leitos hospitalares. O risco é real”, alerta ela.
Ela afirma que as aglomerações e também a falta do uso de máscaras, bem como o comportamento impensado principalmente dos jovens em meio à pandemia, deixam as perspectivas futuras ainda piores.
“A negação, a falta de uso de máscaras, essas aglomerações, festas e eventos presenciais são um desastre. Cada evento desse gera algumas dezenas de casos, e entre os mais jovens”, pontuou durante conversa com repórteres da CNN.Para Margareth, o Governo contribui de forma direta na iminência da terceira onda, ao não alinhar e reforçar as medidas em todos os estados.