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Trégua comercial entre EUA e China pode favorecer exportações do Pará

A suspensão por 90 dias das tarifas comerciais entre Estados Unidos e China, anunciada nesta segunda-feira (12/05) após negociações em Genebra, pode representar uma oportunidade estratégica para o Pará fortalecer as exportações, principalmente para o mercado chinês, segundo um economista e representantes do setor produtivo local.

Exportadores paraenses veem janela de oportunidade

Para Guilherme Minssen, diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), o momento é propício para o crescimento das exportações do estado.

“Nosso mercado vai aumentar a exportação. Estamos com a melhor qualidade e o menor preço de mercado”, afirma.

Ele destaca que a competitividade dos produtos paraenses pode se traduzir em maior participação no comércio internacional, especialmente com a China, um dos principais parceiros comerciais do estado.

Minssen aposta no fortalecimento das exportações de soja e carne bovina, que tradicionalmente têm como destino o mercado chinês, impulsionado pela demanda contínua por alimentos e insumos agrícolas.

Impasse pode representar avanços na indústria do estado

Para a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), a suspensão temporária das tarifas entre Estados Unidos e China não representa uma solução definitiva, mas abre espaço para articulações estratégicas que podem beneficiar o setor industrial paraense. “É mais uma trégua para avaliações e negociações estratégicas do que um patamar estável a longo prazo”, avalia Clóvis Carneiro, vice-presidente executivo da entidade. Ele lembra que tanto a indústria norte-americana quanto a chinesa sentiram os impactos das sobretaxas, criando um ambiente propício para novas tratativas comerciais.

Carneiro destaca que a China continua sendo a principal compradora do minério de ferro produzido no Pará, mas enxerga também possibilidades em outros setores. “A guerra comercial abriu caminhos para as exportações brasileiras e paraenses, com destaque para a indústria de carnes”, afirma.

De acordo com o representante da Fiepa, o atual cenário de instabilidade pode reforçar a posição do Brasil — e especialmente do Pará — como alternativa confiável de fornecimento para a China. “Investimentos chineses em infraestrutura local podem se tornar mais viáveis nesse contexto. Estamos atentos a esse movimento e reforçamos aos governos Federal e Estadual a importância de criar condições para que as indústrias paraenses estejam preparadas para aproveitar essa janela de oportunidade”, conclui Carneiro.

Economia paraense pode respirar, mas incertezas permanecem

economista paraense Genardo Oliveira considera que o impacto direto da suspensão temporária dependerá da forma como os fluxos comerciais se ajustarem nos próximos meses.

“A suspensão das tarifas entre EUA e China pode trazer um alívio temporário para o comércio global, mas seu impacto direto no Pará dependerá da dinâmica das exportações e importações do estado.”

Oliveira destaca que commodities como minério de ferro, soja e carne bovina, carro-chefe da balança comercial paraense, tendem a se beneficiar de um ambiente internacional com menos tensões comerciais. Ele observa ainda que uma maior previsibilidade pode estimular investimentos em infraestrutura e logística voltados à exportação.

Atenção ao cenário internacional e às decisões futuras

Apesar do otimismo com a trégua comercial, o economista alerta para os riscos de instabilidade, caso as tarifas entre as potências voltem a ser aplicadas após o período de suspensão.

“Se as tarifas forem retomadas, a economia do Pará pode sofrer impactos negativos, especialmente no setor de commodities. Isso pode levar a uma queda nas exportações e afetar a economia local.”

Segundo ele, a instabilidade gerada pela guerra comercial nos últimos anos já exigiu dos exportadores paraenses a busca por novos mercados e rotas de escoamento. Caso o acordo temporário evolua para algo mais permanente, o Pará pode sair ganhando com um ambiente comercial mais estável e previsível.

Fonte: (O Liberal)

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