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Indígena trans quebra preconceito e vira cacique em aldeia

Um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estima que 90% das mulheres trans e travestis tem a prostituição como única fonte de subsistência no Brasil e apenas 4% possuem um emprego formal. Outros 6% possuem um trabalho informal. Esses dados evidenciam uma exclusão e marginalização por grande parte da sociedade.

Mas, muitas mulheres trans também conseguem outros espaços na sociedade, incluindo os de liderança. Nessa semana, por exemplo, Majur Traytowu, que é uma mulher indígena e transexual, assumiu um cargo de grande importância para o seu povo. Ela agora ocupa o posto de cacique da Aldeia Apido Paru da Terra Indígena Tadarimana, localizada em Rondonópolis, município do Estado Mato Grosso.

Aos 30 anos, Majur foi nomeada oficialmente como cacique de sua aldeia após seu pai de 79 anos precisar se afastar do posto devido a problemas de saúde. Em entrevista a um portal de notícias, a cacique contou quando começou a se perceber como uma mulher trans. “Fui me observando e cheguei à conclusão que sou trans. Meu comportamento, os gostos e também a atração por outros meninos foi crescendo. Foi então que descobri que nasci em um corpo de homem, mas com espírito de mulher”, disse ela.

Traytowu contou ainda que começou a ajudar seu pai com as decisões na aldeia aos 27 anos, e conta que participava de reuniões e eventos na comunidade. “Mesmo o meu pai sendo cacique na Apido Paru tudo passava por mim. Na aldeia, sempre fui aceita pelo povo e isso é bem tranquilo até hoje” continuou.

Majur é a filha caçula dentre 20 irmãos, no ano de 2017, logo após concluir o ensino médio, ela passou no vestibular para o curso de fisioterapia em uma faculdade em Goiânia, ao mesmo tempo foi aprovada no processo seletivo para ser agente de saúde indígena. Ela conta que se viu diante de uma difícil decisão, mas optou por ficar perto de seu povo.

“Estava entre ‘a cruz e a espada’. Ou eu me mudava para a cidade fazer faculdade ou ficava para cobrir a vaga de posto de Agente Indígena de Saúde (AIS). Decidi ficar e trabalhar para estar mais perto do povo. Hoje tenho mais de três anos como agente e agora também assumo o posto de cacique da minha aldeia” contou Majur.

( Fonte: UOL ) 

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